Por: Prª Nancy de Assis Ramos
Betim.Vídeo no YouTube faz apologia ao crime, mostra armamento pesado
e imagens de pessoas mortas
Funk do tráfico amedronta população e
desafia polícia
PM prendeu dois suspeitos e procura outros três, que estão foragidos
RAPHAEL RAMOS
Publicado no Jornal OTEMPO em 29/03/2011
Um videoclipe produzido por traficantes de drogas ameaça a população e desafia autoridades
policias de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. Ao som de funk, criminosos
do bairro Jardim Teresópolis fazem apologia ao crime, intimidam rivais e homenageiam bocas
de fumo do município e também da capital.
A Polícia Civil investiga, desde o ano passado, a autoria do vídeo supostamente postado pelos
criminosos no site YouTube. A pedido da Delegacia de Homicídios de Betim, a Justiça já
determinou a prisão de cinco suspeitos envolvidos na produção das imagens. Dois deles
chegaram a ser presos, mas um acabou solto por determinação da Justiça. A polícia ainda
procura outros três suspeitos, considerados foragidos. O Ministério Público não se manifestou
sobre o caso.
Ousadia.A gravação com mais de quatro minutos de duração foi postada na internet somente
no último dia 11 e, até o fim da tarde de ontem, havia sido acessada 1.468 vezes. O videoclipe
mostra imagens de assassinatos, armamento pesado e integrantes de gangues.
Na letra da música, os suspeitos fazem ameaças explícitas a policiais e a moradores que
denunciarem os criminosos da região. Supostos traficantes do bairro e de outras favelas,
inclusive da capital, são homenageados.
ALGUNS LEITORES:
Para o sociólogo e pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança
Pública (Crisp), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Luiz Felipe Zilli,
a ousadia dos traficantes é um reflexo da sensação de impunidade no país. "É uma
afronta que mostra o poder que eles têm. Esse tipo de vídeo tem um caráter intimidatório,
pois eles sabem que não serão punidos", afirmou.
Moradores do bairro Jardim Teresópolis dizem que se sentem reféns dos traficantes.
Temendo represálias, eles preferem o silêncio. Um comerciante que não quis ser
identificado afirma ser comum criminosos imporem toques de recolher.
"A gente não sai de casa. Às vezes, preferimos não abrir as portas por medo".
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